27 setembro 2013

Sozinha eu sigo



Quer mesmo saber o que penso de tudo isso? Você foi um covarde. Um completo idiota. Um palhaço, um mané, um bosta, um escroto, um imbecil. Eu poderia ficar horas e horas falando coisas sobre você. Você e suas atitudes (ou seria a falta delas?). Mas prefiro me calar e deixar passar. Porque uma hora passa, dizem. Uma hora o tempo cura, insistem. E eu espero, sinceramente, que passe. Porque se não passar eu não sei o que vou fazer.
Não sei o que fazer com o seu perfume que ficou no meu travesseiro. Não sei o que fazer com os fios dos seus cabelos que ficaram na minha escova. Não sei o que fazer com a sua camisa, que ficou na lavanderia e vou ter que buscar amanhã. Não sei o que fazer com o vidro de café descafeinado que você insistia em tomar todas as manhãs. Não sei o que fazer com as nossas fotos. Não sei o que fazer com tanta saudade. Eu não sei, não sei mesmo, o que fazer com esse sentimento dentro de mim.
Você não podia ter desistido tão fácil. Era pra você ter lutado. Era pra você ter sido mais forte. Era para o nosso amor ter sido mais forte. Dizem por aí que o amor tudo vence. Mentira. Mentira pura. O amor é só uma palavra de quatro letras que dá certo pra alguns. Pra mim ele nunca deu, olha só que novidade, pra mim as coisas nunca deram certo. Deu certo para aquela colega, que hoje segue linda e usa calça nº36. Deu certo para a vizinha do lado, que tem o cabelo mais perfeito que já vi na vida. Deu certo para a minha amiga da faculdade, que passou num concurso público, ganha mais de R$20.000,00 por mês e casou com aquele médico bonitão. Deu certo pra moça que trabalha aqui em casa, que é feliz pra cacete junto com o marido e os dois filhos. Deu certo pra toda essa gente que adora anunciar aos quatro ventos o quanto é feliz, bem-sucedida e bem amada. Deu certo para a minha prima, que nem ganha tão bem, nem é tão bonita, tem um monte de carnê para pagar, mas é amada. Sabe o que é isso? É a-m-a-d-a. Amada como eu não fui por você. Amada como eu não fui por homem nenhum até hoje.
Me pergunto: será que um dia vou ter essa sorte? Será que algum dia eu vou ganhar nessa loteria que é o amor? Porque eu achava que era você. Que era com você que eu ia casar. Que você seria o pai dos meus filhos lindos e bochechudos. Que você e eu dividiríamos as escovas de dente, as meias e a vida. Mas me enganei. Você foi fraco, você não conseguiu lutar, você sentiu medo, você fez as malas, você não pagou a conta de luz e me deixou no escuro. E sozinha.
Eu não entendo. Honestamente, é demais pra mim. Como pode uma pessoa dizer que ama, fazer juras de amor e milhares de promessas baratas e num belo dia resolver ir embora? Como pode a pessoa olhar na sua cara na hora do jantar e dizer: chega. Chega, não dá mais, eu não consigo mais, é muito difícil viver junto com alguém, dá muito trabalho e não tenho toda essa disposição. Pra amar tem que estar disposto. Tem que encarar de frente qualquer coisa que vier. E você não foi capaz de arregaçar as mangas e lutar junto comigo. Mas eu vou sobreviver. Ninguém morre de amor, por mais que doa, não é verdade? Vou juntar os cacos, costurar os pedaços e seguir em frente. Porque é a coisa certa a ser feita. E antes da gente se importar com alguém a gente precisa se importar com a gente mesmo. Parece auto-ajuda, parece fácil, mas não é. Eu me importo comigo. E me importava com você. Antes do amor ser feito de dois, ele é feito de um. Por isso, sozinha, eu sigo. 

Clarissa Corrêa

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